CANTARO MAGRO [josefina alpina 6b+/A1 | 565m]
A data de hoje esta é, possivelmente, a via mais recente aberta na face Leste do Cântaro Magro. Aberta em 2017 pelos incansáveis Paulo Roxo e Daniela Teixeira, percorre o lado esquerdo desta face seguindo os interessantes ressaltes existentes.
Sem ser extrema, o seu comprimento (na totalidade são uns 670 metros de percurso!) e uma dificuldade na maioria dos lances por volta do Vº grau obrigatório, faz com que seja um percurso já com alguma envolvência se a queremos realizar na totalidade. De qualquer forma, e dado que em quase todas as reuniões podemos encontrar pelo menos um ponto fixo e após o oitavo lance encontramos pelo menos duas escapatórias que nos permitem abandonar em caso de necessidade, o compromisso é relativo tornando-se numa excelente via de corte alpino que nos permite ensaiar para outros voos. Apesar da aproximação ser curta a descida já não é igual. A não ser que tenhamos disponível um carro no cimo e outro no início, a descida contorna todo o cântaro acrescentando pelo menos mais uma horita ao horário.
A via tem as reuniões entre o 3º lance e até ao 9º sempre com dois pontos (tendo um deles uma argola ou maillon) que permite rapelar. Entre o 10º e 14º lance teremos pelo menos um ponto nas reuniões. No entanto convém levar cordinos para reforçar ou unir os pontos existentes. Nos lances encontramos chapas em locais expostos ou onde não é possível de outra forma.
APROXIMAÇÃO
Acesso estacionamento no Google Maps
Chegar à base da face leste do cântaro é um percurso relativamente curto e evidente. No entanto o mato existente em algumas partes pode dar alguma “luta”, em especial se formos durante a primavera em que os arbustos estão em pleno crescimento. Temos dois caminhos mais habituais para chegar à base. Um é seguir o caminho que sai para a direita no final do Covão da Ametade em direcção ao Covão Cimeiro e à base do sector de escalada desportiva “Cascata Musical”. Ao chegarmos à base deste cortamos sobre a esquerda em direcção à base da face leste descendo um pouco para o alcançarmos o esporão afiado e mais base desta face. (algumas mariolas marcam o caminho). O início da via é identificável por uma chapa a uns metros do chão. A outra hipótese de aproximação é seguir inicialmente o pequeno alto que sai à esquerda da represa existente no final do covão da Ametade para depois seguir mais ou menos pela linha de água da esquerda até à base da via. Este caminho pode ter mais mato na primavera.
NA VIA
(a descrição a seguir é visão das sensações vividas na data e com as condições existentes e só podem ser consideradas como uma opinião e uma referência. Alguns dos graus partilhados no croqui do Paulo e da Daniela nos pareceram diferentes e reflito isso no meu croqui)
Lance 1 (60 m) – uma chapa colocada a uns metros da base marca o início da escalada fácil. Inicialmente seguimos o esporão para a seguir cortarmos um pouco à direita de forma a mantermos a continuidade da aresta até à primeira reunião (não equipada)
Lance 2 + 3 (60 m) – nós optamos por ligar estes dois lances num mais longo. Isto é possível desde que não coloquemos pontos que forcem muito os ângulos na zona prevista para a 2º reunião (também desequipada). Saímos da 1º reunião trepando o ressalte por cima desta (2 pontos) para de seguida encontrarmos um pequeno destrepe. Continuamos por uma placa acima do local da 2ª reunião para antes do ressalte seguinte, e numa zona mais plana, encontrarmos os pontos da 3ª reunião. e a direita da reunião para de seguida passar para esquerda de forma a atravessar uma zona de placa. Aqui encontramos um ponto, talvez um pouco alto para nós, que segura a passagem na placa para logo de seguida continuarmos por umas fissuras, agora do lado esquerdo do esporão, e que nos conduzem até à reunião. É possível encadear estes dois lances num só.
Lance 4 (45 m) – saímos da reunião em direcção a um ponto bem visível na placa. Este ponto protege os passos mais difíceis deste lance com uma fissura vertical. Continuamos pela sequência de placas encontrando mais dois pontos até à reunião equipada sobre a direita.
Lance 5 (55 m) – Lance longo e no qual devemos ter atenção ao atrito da corda. Continuamos pela placa (uma chapa) e uma fissura sobre a esquerda em direcção a um pequeno ressalte com uma zona mais suja por uma escorrência. Encontramos uma chapa no meio dessa zona que protege um passo mais delicado pela sujidade do que pela dificuldade. Seguimos pela placa (mais dois pontos) para alcançarmos uma zona onde parece terem saído umas pedras e na base de um diedro mais vertical. Seguimos a linha do diedro encontrando uma chapa que protege o passo e marca a linha. Em cima deste muro encontramos a reunião equipada.
Lance 6 (30 m) – seguimos uma zona com mais mato até conseguirmos alcançar um evidente tectinho que atravessamos para a direita. No final montamos reunião com o primeiro ponto que vamos usar para o lance (está alto) reforçando com um friend.
Lance 7 (30 m) – seguimos a linha de chapa que encontramos no diedro com uma fissura cega (A1 / 7º?) para continuar por uma evidente fissura sobre a esquerda para a seguir sair à direita para uma grande plataforma onde está a reunião
Lance 8 (45 m) – depois subirmos para a plataforma acima contornando pelos ressaltes à direita, entramos numa chaminé-diedro. Começamos em chaminé que a seguir se transforma num vertical diedro. No cimo deste encontramos uma travessia delicada para esquerda, protegida por uma chapa, que liga com o diedro à esquerda. Este lance nos pareceu ser o mais duro mesmo que não forcemos complectamente o grau (isto considerendo que no lance anterior as chpas facilitam bastante o processo do A1). Para o segundo diedro é interessante levar friends pequenos (aliens ou similares) já que a fissura é bastante fina. Os entaladores também funcionam bem em alguns locais.
Lance 9 (25 m) – seguimos por uma fissura vertical que nos deixa na plataforma onde está a reunião.
Entre o lance 9 e o 10 encontramos cerca de 120 metros de terreno fácil e com mato (plataformas National Geografic). Nesta altura (final da primavera) encontramos bastantes arbustos e pareceu-nos mais fácil tentar andar mais sobre a rocha sobre o lado esquerdo até à base do lance 10. Para ser mais fácil chegar à base é aconselhável identificar o “Pilar Verde” por onde sobe inicialmente o lance 10.
Lance 10 (40 m) – começamos a escalar a placa inicial onde encontramos uma chapa que marca o seu início. A meio do lance encontramos uma plataforma inclinada e aqui cortamos francamente à esquerda para entrar numa nova sequencia de pequenas fissuras que nos levam até à reunião seguinte sobre uma ponte de rocha que é possível reforçar.
Lance 11 (30 m) – à direita da reunião encontramos uma chaminé que seguimos. No cimo desta continuamos na mesma direcção até um pequeno muro nos faz seguir naturalmente para direita em direcção a uma zona de plataformas na parte superior das quais encontramos um único ponto da reunião
Lance 12 – (60 m) – para nós este lance saiu ser o lance mais longo da via. São praticamente 60 metros sem termos qualquer folga. Começamos por um terreno fácil em direcção a uma zona de pequenos diedros e chaminés que nos deixam numa grande plataforma onde temos um ponto que marca a reunião e que podemos reforçar. Convém seguir uma linha bastante recta e alongando os pontos pois de outra forma a corda torna-se “curta”.
Lance 13 – (40 m) – atravessamos um canal em direcção um muro bem marcado por duas fissuras verticais. Escalamos estas fissuras para passar uma pequena “barriga” no cimo da qual encontramos uma “ponte” de rocha. Aqui seguimos uma fissura diagonal para a esquerda que é mais acessível do que parece desde baixo. Encontramos o ponto que marca a reunião quando alcançamos uma zona de plataformas e que podemos reforçar com friend.
Lance 14 – (25 m) – atravessamos a plataforma para a esquerda em direcção a uns diedros e fissuras mais empinadas por onde seguimos verticalmente até à reunião com dois pontos.
Para chegar ao cimo do Cântaro Magro continuamos a andar por terreno fácil por uns 100 metros passando pelo cimo do canal de escape que mencionamos anteriormente.
DESCIDA
Do cimo do cântaro temos duas formas de descer. Através do rappel de cerca de 30 metros existente na ponta do cântaro, onde encontramos dois químicos, virado para a curva da estrada. A outra opção é descer pelo caminho que sai para sul da zona plana do cimo. A primeira opção é, em princípio, mais rápida.
Depois de estarmos no colo entre a curva da estrada e o cântaro seguimos contornando este pela sua face oeste até ao Covão Cimeiro e dai, através do caminho existente, descer até ao Covão da Ametade. No total demoraremos cerca de uma hora.
Água – encontramos algumas bicas de água no Covão Dametade mas será mais seguro trazer
Dormida – para além dos vários alojamentos que encontramos nas Penhas da Saúde (como é caso da Pousada da Juventude) não posso deixar de sugerir o alojamento propriedade do Paulo e da Daniela em Manteigas (Casa das Mariolas)
Rocha – placas de granito cortadas por alguns diedros
Previsão Meteorológica