CANTARO MAGRO [leste clássica V | 650m]


       

Depois de termos escalado da via Josefina Alpina ficamos com o “bichinho” de ver como era a Leste Clássica. Já sabíamos que era consideravelmente mais simples do que a Josefina, mas uma via de 600 metros é sempre uma aventura garantida e um dia bem passado.
Há mais de 20 anos eu já tinha feito a Via Verde pelo que retomar à mesma zona era muito fixe. Nessa altura os melhores croquis que tínhamos não eram mais umas fotocopias a preto e branco, de umas fotografias com umas linhas, que quase era mais difícil de ler do que a própria via. Algo muito longe das fotografias de grande definição que temos hoje. Ainda bem que muitas destas coisas melhoraram!
Enquanto a Josefina Alpina segue sobre a esquerda desta face, quase no limite com a cara sul, a Leste Clássica anda pelo lado contrário. “Criada” pelo Paulo Roxo e a Daniela Teixeira, esta linha segue a linha aproximada de duas vias abertas nos anos 70. Na parte inferior do “Grande Pilar da Direita” a via “Passeio de Verão”, aberta pelas cordadas Vasco Pedroso – Paulo Alves e Carlos Teixeira- Mario Cardoso em 22 Agosto 1978. E na parte superior a “Via Verde”, aberta por Vasco Pedroso, Paulo Alves e Ana Reis em 17 Junho 1976.
É uma via longa e sinuosa, onde a leitura do terreno nem sempre é clara. Será precisamente pela necessidade de conhecer bem as passagens que fará demorarmos mais ou menos na via e não tanto a dificuldade em si. .

 

APROXIMAÇÃO


Chegar à base da face leste do cântaro é um percurso relativamente curto e evidente. No entanto o mato existente em algumas partes pode dar alguma “luta”, em especial se formos durante a primavera em que os arbustos estão em pleno crescimento.

O melhor neste momento (2023) é seguir o caminho que acompanha a esquerda do rio e que depois continua um pouco pelas linhas de água. Ele vai seguindo até à base do sector de escalada desportiva “Cascata Musical”. Ao chegar a esta continuamos na sua base até passar um “furo” formado por dois grandes blocos encostados.

Acesso estacionamento no Google Maps

 

NA VIA


(a descrição a seguir é visão das sensações vividas na data e com as condições existentes e só podem ser consideradas como uma opinião e uma referência. Alguns dos graus partilhados no croqui do Paulo Roxo nos pareceram diferentes e reflito isso no meu croqui)

Lance 1 (50 m) – – A via inicia num diedro / chaminé ao lado de uma placa. Não confundir com uma chaminé musgosa à direita! Depois de subirmos o diedro chegamos a uma zona mais plana que cruzamos para direita de forma a passar por cima mencionada chaminé e entrar nas placas à sua direita e que nos levam à reunião (equipada 2 pontos).

Lance 2 (60 m) – Da reunião continuamos pela fissura do seu lado esquerdo através de um passo delicado que nos dá acesso a uma zona mais plana. Aqui cortamos à esquerda de forma a contornar a parede que temos à nossa frente e entrar num nicho / chaminé. Saímos deste vamos ligeiramente sobre a direita para seguir sobre uma serie de placas e pequenos ressaltes do mesmo lado (um ponto fixo num deles) até atingir a reunião (equipada 2 pontos).

Lance 3 (+/- 80 m) – Aqui encadeamos o terceiro lance e mais um pedaço do quarto aproveitando o terreno ser mais acessível. Depois das placas de terreno fácil (apesar de no início ser por vezes exposto pela ausência de locais para colocação de pontos) contornamos uns grandes blocos pela direita e seguimos pelo terreno acessível entre eles e as grandes placas verticais que temos sobre a direita. Fizemos reunião na entrada de zona que se assemelha uma larga chaminé pois o atrito já era demasiado para nos movermos em conjunto. O lance original termina uns 50 metros acima da terceira reunião, junto à base dos grandes blocos que contornamos.

 

 

Lance 4 (30 m) – Subimos pelos blocos que constituem esta larga “chaminé” para, no cimo desta, sair sobre a direita em direcção à reunião (equipada 2 pontos).

Lance 5 (55 m) – trepamos por uma zona de placas fáceis em direcção a um diedro sobre a sua esquerda. No cimo desta, e após mais uns metros de terreno acessível, procuramos uma espécie de chaminé sobre a direita. Continuamos por essa chaminé que dá acesso a uma espécie de “varanda” que atravessamos para a direita. No final desta trepamos uns ressaltos e montamos a reunião com entaladores no cimo destes antes termos que contornar um bloco.

Lance 6 (20 m) – Contornamos o mencionado bloco pela direita e encontramos uma fissura inclinada mais vertical com um passo mais duro no início. No início desse passo, com alguma atenção pois pela cor dos pontos passa despercebida, é possível ver a reunião seguinte (2 pontos).

Lance 7 (50 m) – continuamos escalando um pequeno pilar que encontramos à direita da reunião. Acima deste temos um bloco entalado com um buraco na parte inferior. Não seguir por ele mas passar por cima do bloco do lado direito. Continuar para encontrar um diedro que nos deixa numa zona mais plana com umas fissuras onde montamos reunião com entaladores. Aqui termina o grande pilar e entramos na parte superior da face nordeste.

 

 

Lance 8 (80/100 m) – apesar de estarmos a falar de andar no meio dos arbustos que dão acesso ao anel eu considerei esta passagem como um lance de forma a bater com os lances do Paulo Roxo. Nesta ligação contornamos a parede, seguindo sempre junto a esta, até encontramos um pequeno promontório junto a estética, e chamativa, fissura vertical.

Lance 9 (60 m) – Contornamos esta zona pelas rochas da direita do promontório (e não pela placa e chaminé suja como nós fizemos!!!) e seguimos por uma zona de blocos e arbustos, sempre junto à parede, até encontrarmos uma zona de rampas rocha diagonais e sobrepostas, as “Escaldas Diagonais”. Com alguns passos fáceis de placa alcançamos uma fissura vertical, junto a uma grande mariola, onde montamos a reunião com entaladores.

 

 

Lance 10 (60 m) – Atravessamos umas lajes para a direita em direcção a um bloco saído em forma de cubo e que forma um pequeno diedro com a parede. Escalamos este diedro, que nos pareceu mais acessível do que aparenta, e atravessamos novamente para a direita à procura de uma falha vertical (mais estranha e difícil de proteger e de escalar que o diedro anterior) que nos dá acesso uma plataforma. Contornar o muro que temos em frente pela direita até atingirmos uma zona de blocos por cima dele. Reunião em entaladores ou numa das pontes de rocha existentes.
Continuamos procurando o caminho pelo caos do campo de blocos e que nos dá acesso ao conhecido “Anel do Cântaro”. Nós seguimos um caminho que nos pareceu mais limpo sobre a direita dos blocos em direcção ao grande esporão que forma a parede superior.
Aqui tínhamos duas hipóteses. Seguir pelo esporão Nordeste através de um lance de 60m mais difícil seguido por uma zona trepes entre blocos e mato que nos deixa na parte superior. Ou pelo canal superior da face este. Nós seguimos por esta opção. Para tal contornamos o esporão por mais umas zonas de arbustos até alcançarmos a base do evidente canal.

Lance 11+12 – (40 m) – Nós optamos por realizar estes lances num único efectuando cordada em movimento no final. Os passos são simples e com bastantes arbustos

Lance 13 – (60 m) – este lance já decorre no canal propriamente dito. Depois de subirmos uns 45 metros encontramos uns grandes blocos entalados com uma passagem inferior (furo) do lado direito. Aqui é necessário pendurar a mochila no arnês de forma a conseguirmos passar. Num bloco atrás, a cerca de 5 metros acima do furo, encontramos uma plaquete que podemos usar de reunião.
Continuamos pelo canal, agora mais largo, para com uma ligeira tendência para a esquerda passarmos novamente por baixo de outro grande bloco, agora bem mais largo, até atingirmos a parte superior do cântaro através do esporão da esquerda.

 

 

DESCIDA


Tal como a Josefina Alpina, quando chegamos ao cimo do cântaro, temos duas formas de descer. Através do rappel de cerca de 30 metros existente na ponta do cântaro virado para a curva da estrada, onde encontramos dois químicos para passar a corda. A outra opção é descer pelo caminho que sai para sul da zona plana do cimo. A primeira opção é, em princípio, mais rápida.
Depois de estarmos no colo entre a curva da estrada e o cântaro seguimos contornando este pela sua face oeste até ao Covão Cimeiro e dai, através do caminho existente, descer até ao Covão da Ametade. No total demoraremos cerca de uma hora.
A outra solução, que nos poupa esta descida a pé, é ter dois carros e deixar um deles junto à santa um pouco abaixo da curva do cântaro.

 

Info

Água encontramos algumas bicas de água no Covão Dametade mas será mais seguro trazer

Dormida para além dos vários alojamentos que encontramos nas Penhas da Saúde (como é caso da Pousada da Juventude) não posso deixar de sugerir o alojamento propriedade do Paulo e da Daniela em Manteigas (Casa das Mariolas)

Rocha placas de granito cortadas por alguns diedros

Previsão Meteorológica