MADEJUNO – TIRO LLAGO [travessia]
A aresta Madejuno-Tiro Llago é uma clássica entre as vias de aresta dos Picos da Europa. Com uma dificuldade acessível é possível juntá-la as outras duas arestas, Altaiz – Torre Hoyo Oscuro e Torre Blanca – Llambrion, para efectuar a designada Linha Schulze, que num dia permitindo-nos “cavalgar” esta fantástica linha de uns 2,5 quilómetros. Mas isso fica para outro post…
Aberta em 1955 pelo imparável Pedro Udoando acompanhado por Ángel Llorente, Jesús Rodríguez e Arturo Fernández.
Com a excepção da sua parte inicial, e de alguns passos chave, a via tem uma dificuldade pouco mantida. A via tem cerca de 800 metros de cumprimento da base do Madejuno ao fim no Tiro Llago.
É uma via tipicamente de montanha, sem equipamento e com os rappéis montados em pitões e blocos de rocha que podem ir variando de qualidade conforme o tempo vai passando e os guias locais vão realizando a sua manutenção. Apesar de uma corda de 50 metros chegar (tendo atenção no fim dos rappeis mais cumpridos) é mais tranquilo usar uma corda de 60 metros. Como protecção, e se estivermos à vontade neste tipo de terreno, 1 ou dois friends médios e um jogo medio de entaladores é suficiente. O capacete é claro indispensável.
Como é habitual nas vias de aresta, não existem saídas rápidas. O mais rápido é para os Hoyos de los Hoyos, logo a seguir ao gendarme amarelo, através do qual chegamos ao caminho da Las Colladinas que liga o refúgio do Collado Hermoso até Veja de Liordes.
Se a actividade está prevista com a saída e regresso no mesmo dia através do teleférico de Fuente de Dé será necessário ter alguma atenção com o horário. À data de publicação desta descrição a primeira saída é as 10 horas da manhã (sendo aconselhável chegar à bilheteira por volta das 8 horas de forma a garantir sairmos no primeiro) e o último à 18 horas (que no verão poderá alongar-se por mais 3 ou 4 horas pelo acumular de turistas mas sempre sem garantias que isso aconteça).
O acesso é realizado através do estradão que segue para as minas de Altaiz passando na Vueltona – desvio habitual para subir para a Cabana Verónica – para alcançarmos o Collado da Fuente Escondida. Daqui seguimos por um caminho, evidente no início e depois com hitos ou mariolas, e que segue a meia encosta nas pendentes do Hoyo Sin Terra contornando a base do Pico de San Carlos e a Torre del Hoyo Oscuro até ao Collado de Casares. Este percurso, que nem sempre é evidente, demora-nos cerca de duas horas até iniciarmos a aresta propriamente dia.
A subida ao Madejuno é feita por um marcado canal, bem visível desde a Collada de Casares, e que sobe sobre a esquerda do cume propriamente dito. Para o alcançar subimos inicialmente sobre dos Tiros de Casares para de seguida tender para a esquerda até à base do canal. A escalada deste é simples (II / IIIº) mas é possível colocar seguranças ou aproveitar os pitões e anéis que encontramos ao longo mesmo. No cimo do canal alcançamos o cimo através de uma fissura / diedro à sua direita.
Seguimos a aresta por mais uns 50 metros fáceis e que se vão tornando cada vez mais afiados até alcançarmos uma larga plataforma onde encontramos um rappel (20 metros) montado sobre dois pitões.
Depois de mais 50 metros atingimos a base do gendarme amarelo. Podemos ver duas fissuras e seguiremos pela da esquerda (III/IVº) onde é possível proteger num pitão colocado na parte superior e reforçar se necessário. Logo depois de chegarmos ao cimo voltamos a descer do lado contrário por um canal de cerca de 30/40 metros. Este canal é possível destrepar (IIIº) ou descer no rappel instalado. Este será o maior rappel de toda a travessia. No final deste encontramos uma “vira” que seguimos pelo lado sul, lado do Hoyos de los Llagos, e que acompanha os gendarmes da aresta até à base do Tiro Llago.
Seguindo a aresta tomamos como referência um evidente canal amarelo. Escalamos o canal através das suas laterais (passos de IIIº) para sairmos perto do cume oriental do Tiro Llago. Do colo existente trepamos um pequeno muro do lado esquerdo (10 m., IIIº) protegido por um pitão.
Daqui temos que efectuar um rappel de 10 metros para a brecha existente entre os dois cumes principais. O local onde ele está montado não é evidente e é necessário contornar o cume pela direita e destrepar um pouco para o encontrar quase do lado sul montado num bloco de rocha. Do final do rappel, e seguindo pela esquerda da aresta escalamos até atingir uma pequena brecha que dá acesso ao cume ocidental do Tiro Llago. Deste cimo iniciamos a descida destrepando uns metros para encontrar o primeiro de dois rappéis situados na vertente dos Hoyos Sengros. O primeiro rappel é pode-se destrepar até ao segundo situado num evidente bloco de rocha. O segundo deixa-nos no cimo de um canal com muitos blocos soltos. Aqui não devemos seguir os pitões de rappel direccionados para o próprio canal. O canal é perigoso e impossível de destrepar sem soltar grandes blocos. Devemos passar para o lado sul através da brecha no fim do rappel e, contornando uns gendarmes, alcançar nova brecha através da qual, e seguindo um curto canal, descermos para os Hoyos Sengros.
Daqui, e seguindo um a caminho com hitos /mariolas, podemos chegar à Cabana Verónica e baixar ao teleférico pelo evidente percurso de acesso aos Horcados Rojos.