PÉ DO CABRIL [vias de escalada]
O Pé do Cabril é uma parede bem visível e identificável de longe. Desde a Serra Amarela até ao Gerês, ou mesmo de algumas estradas de acesso ao parque a quase 15 kms de distância. Situado no maciço que separa o vale onde se situa as Caldas do Gerês do vale do Rio Homem e da barragem de Vilarinho das Furnas, o Pé do Cabril é o seu ponto o mais alto.
A subida ao seu cimo não é propriamente andar. Se não fossem os degraus de ferro cravados na rocha na parede a cima do colo existente entre os dois maciços, esta subida seria uma via de escalada. O primeiro registo escrito de subida ao seu cimo data de 20 Setembro 1920 por Roger Heim. Este texto foi publicado em “Gerez: Serra – Termas”, em Julho de 1935, da tradução feita por Camacho Pereira, foi partilhado na revista do Clube Nacional de Montanhismo em 1985 e pode ser lido no blog carris-geres.blogspot.com.
PERCURSO DE SUBIDA DA PRIMEIRA ASCENÇÃO (IN carris-geres.blogspot.com)
Depois deste primeiro registo de subida, as seguintes vias de escalada (das quais consegui obter informações) remontam aos anos 70 e 80 do século passado, abertas por escaladores do Clube Nacional de Montanhismo – Norte. Em meados dos 90, novamente escaladores deste clube, abrem-se novas linhas durante formações de escalada levadas a cabo nesta zona. Por volta de 2010 escaladores ingleses (um deles que já tinha estado envolvido na abertura das primeiras vias nos anos 80 e agora também é acompanhado pelo próprio filho) abrem as ultimas linhas conhecidas.
Pelo que sabemos esta parede está sujeita a regulamento e interdição entre 01 Janeiro e 31 Julho
ACESSO E APROXIMAÇÃO
Podemos aceder à sua base de dois locais. O mais curto é desde a Portela de Leonte, mais ou menos a meio caminho entre as Caldas do Gerês e a fronteira da Portela do Homem. Aqui temos tido algumas indicações de roubos às viaturas aqui estacionadas. No verão existe menos esse problema dado estarem, habitualmente, funcionários a cobrar a passagem das viaturas pela mata de Albergaria. No entanto nessa altura existe outro problema que é a muita procura e a possível ausência de local para estacionar.
O segundo acesso é partindo do Campo do Gerês. Aqui voltamos a ter duas opções. Ou saindo directamente do Campo do Gerês (percurso habitual para quem efectua o percurso de subida ao Pé do Cabril que podem consultar aqui), ou saindo da casa abrigo da Junceda. Esta segunda opção é a que tem menos desnível de todas, mas o acesso final à Junceda são +/- 5 kms de estradão de terra batida que, dependendo do rigor dos invernos, pode estar mais ou menos transitável. Os últimos anos a sua manutenção tem sido boa o suficiente para garantir o acesso dos ligeiros. Da Junceda seguimos para norte seguindo em parte o trilho da Silha dos Ursos que une com o trilho do Pé do Cabril mais à frente.
Em todos os possíveis inícios temos sempre algum tempo de aproximação, variando entre uma hora desde a casa abrigo da Junceda, uma hora e meia da Portela de Leonte ou umas duas horas saindo do Campo do Gerês. Em todos os inícios os trilhos são habitualmente evidentes, mas sem marcações a não ser algumas mariolas.
AS VIAS
As vias que conseguir identificar até maio 2022 são as abaixo indicadas. Caso verifiquem alguma outra em falta por favor contactem-me de forma a manter todo o levantamento o mais fiável possivel.
Parede da frente
1 – Via aresta (IVº) – Elementos do Clube Nacional Montanhismo nos anos 90
2 – Crocodilo Dundee (6a) – Elementos do Clube Nacional Montanhismo nos anos 90
3 – Tecto (HS/ IV+) – HPR + Albino Santos em 29/08/1982
4 – LBV (HS / IVº) – Lance 1: HPR + Barros Basto em 14/03/1981 | Lance 2: (VS / IV/IV+) – HPR + Alexandre Granhão em 13/02/1983
5 – Carnaval (HVS / IV+/Vº) – Lance 1+2: HPR + Barros Basto em 30/10/1982 | Lance 3: HPR + Alexandre Granhão em 11/01/1987
6 – Via Chaminé (V+) – Elementos do Clube Campismo Porto nos anos 80 (?)
Parede de trás
1 – Via da Chaminé (D / IV-) – Felix Barbosa e companheiros – antes 1980
2 – Via da chaminé, entrada directa (MS / IVº) – Dan Reader + HPR em 31/08/1997
3 – Doggy Legged (MS / IVº) – Dan Reader + HPR em 23/10/2010
4 – Via Chaminé, saída directa (VS / IV/IV+) – Josh Bradley e Dan Reader em 12/05/2012
5 – ??? (V+)
6 – ??? (?)
VIA DIRECTA COM SAIDA PELO TECTO
DESCIDA
Depois de escalar devemos alcançar o colo que dá acesso ao cimo e divide o maciço da frente do de trás. Aí iniciamos a descida pelo evidente caminho que acompanha em frente das paredes de trás. Ao chegar a uma zona mais plana temos duas hipóteses. Seguir pelo caminho da esquerda, e que é habitualmente usado por quem faz o percurso de subida a pé. Este caminho continua um pouco mais para norte para a seguir dar a volta e virar para sul para chegar à base da parede depois de passar por de um grande bloco (aqui julgamos que nos enganamos no caminho!)
A outra opção é virar para esquerda e seguir um caminho menos visível, e que nos coloca mais rapidamente na base da parede. No entanto aqui vamos encontrar alguns passos mais aéreos e expostos.
VIAS NAS PAREDES DE TRÁS
Água – é necessário levar água pois não existe abastecimento perto das paredes. Existem duas bicas onde podemos encontrar água dependendo de onde fazemos a aproximação. Uma junto à casa abrigo da Junceda e outra próximo do prado do Gamil. No entanto são fontes que, dependendo da altura do ano, podem estar secas. Na Portela de Leonte existe uma bica de água que dificilmente seca
Orientação – a parede é virada a Leste pelo que em dias quentes é preferivel aguardar que a sombra torne a escalada mais agradável
Dormida – parque campismo nas Caldas do Gerês ou no Campo do Gerês, ou então em outros alojamentos nas mesmas áreas
Rocha – granito com alguns cristais onde facilmente podemos encontrar zonas cobertas de liquens e na maioria dos casos boas fissuras