PICO ANETO [via normal pelo Portillon Superior]
O Aneto é a montanha mais alta dos Pirenéus, e a segunda mais alta de Espanha, mas também uma das mais conhecidas e massificadas.
Tem duas vias que podem ser consideradas como normais: pelo refugio de La Renclusa e pelos Ibones de Coronas.
Só em 1817 foi considerada a montanha mais alta Pirenéus. Até essa altura a montanha venerada como a maior era o Monte Perdido.
A primeira ascensão conhecida foi em 20 Julho 1842 Platon de Tchihatcheff, militar russo, e Albert de Franqueville, botânico normando, subiram durante três dias evitando todos os glaciares. Na subida foram acompanhados pelos guias Pierre Sanio de Luz, Bernard Arrazau, Pierre Redonnet y Jean Sors. Albert de Franqueville baptizou o passo final como “Passo de Mahoma”, seguindo a crença da lenda muçulmana que diz que a entrada ao paraíso é tão estreita como o fio de uma cimitarra sobre o qual só passam os justos… neste caso a entrada é um passo de Iº+, aéreo y exposto.
Iniciamos a subida em La Besurta (1920m) e, através de um caminho muito bem sinalizado, chegamos ao refúgio de La Renclusa (2140m). Contrariamente ao Vale de Coronas é possível fazer a subida por aqui num único dia. Existe um autocarro de sai de Benasque por volta das quatro horas da manha e que segue até La Besurta (a confirmar). No verão é obrigatório a partir de Plan de Hospital já que o trânsito a automóveis está vedado. Também é possível dormir no refugio e dividir o esforço.
De La Reclusa o caminho segue para sul do lado esquerdo do ribeiro. Inicialmente por um evidente trilho mas que se vai transformando numa subida no meio do caos de blocos onde as marcações são feitas por “hitos”.
Entre o refúgio e o Portillón Superior o caminho por vezes é confuso pela quantidade de marcas existentes. O que aconselho é ir subindo até ao Portillón Inferior para depois seguir sobre o lado direito da aresta até ao Superior. As vistas daqui são óptimas e o nascer do dia é espetacular.
Estamos em Agosto e ao atingirmos o Portillón Superior deparamos com a enorme regressão do glaciar. Enquanto que à 15 anos se descia daqui para o glaciar agora é necessário percorrer varias centenas de metros de um caos de grandes blocos (outrora na base do glaciar) e mais do que uma hora para o atingir.
A parte glaciar é simples mas é preciso algum cuidado com as partes com o duro gelo negro. É aqui que reparamos que sobe qualquer pessoa. Desde gente em sapatilhas e crampons até subidas em calções (óptimo para um piling durante uma queda no glaciar), encontramos de tudo. Pela escolha do itinerário de subida no glaciar e a forma de andamento detectamos facilmente quem nunca usou, ou tem pouca prática, no uso dos crampons. Leva-los é obrigatório para podermos passar o glaciar. É uma sorte não existiram mais acidentes…
Durante toda a passagem do glaciar o degelo é notório pela grande quantidade de água corre por montes de canais.
Finalmente atingimos novamente a parte rochosa. Após uma subida chegamos uma zona mais plana mesmo antes do passo de Mahoma (onde fica muita gente que não faz o passo). Depois deste estamos no cume onde a sua característica cruz assinala a parte mais alta.
A descida realiza-se pelo mesmo percurso com a agravante do esforço para os joelhos.
ACESSO: Saindo de Benasque em direcção a La Besurta em autocarro. Para poupar no bilhete aconselho a deixar o carro na entrada do vale e só apanhar o autocarro junto à barreira que veda o acesso em Hopital de Benas.