SERRA AMARELA [GR34]
Este percurso percorre a Serra Amarela pela sua zona mais alta. Uma parte do trilho é fora da área do Parque Peneda-Gerês o que permite fazer o percurso bivacando a meio, o que melhora a experiência desta excelente volta. Nós realizamos o trilho num fim-de-semana de outono, talvez a melhor opção, pois apesar de os dias serem mais curtos são também mais frescos tornando a marcha mais agradável. Isso associado às cores e luz típicas desta altura do ano tornam os dias verdadeiramente apetecíveis.
Com cerca de 35kms este percurso soma algum desnível (cerca de 3960 metros no total) para o cumprimento que tem, talvez um dos motivos por proporem no site oficial realizá-lo em quatro dias (um pouco de mais mesmo assim). Podemos iniciar o GR34 em várias das povoações sendo a proposta oficial (e a que eu optei) a que me parece menos interessante e lógica se quisermos bivacar a meio. Existem outros inícios mais lógicos e com melhor acesso como é o caso do Campo do Gerês ou a Cutelo. Para dormir em sítios como parque de campismo ou alojamento local é possível optar por outros locais para iniciar.
A descrição que faço segue a escolha de início que fiz, ou seja a povoação de Ermida. Pelo que depois falamos com moradores eles aconselham a para os carros mais dentro da povoação de forma a estarem mais protegidos, e não junto à placa que marca o início ou no miradouro que existe no caminho para a Ermida.
A parte inicial do percurso é pela estrada de acesso a Ermida até junto da ponte por cima da Ribeira da Carcerelha. Daqui saímos pelo caminho que sobe à esquerda da estrada. Nesta parte o trilho estava bem marcado pelo que é fácil segui-lo. Atravessamos agora a ponta da Serra Amarela até Germil através de uma das encostas mais bonitas do percurso entrando em Germil por uma das antigas calçadas que uniam as aldeias. Aqui temos a possibilidade de ficar no refúgio da associação Péd’Rios, mas é necessário fazer marcação com antecedência.
De Germil não necessitamos de entrar na povoação propriamente dita. O caminho começa a subir um pouco antes para a seguir rumar à povoação de Cutelo. A seguir o trilho volta a subir passando por cima de Cortinhas, seguindo por um estradão durante algum tempo. Em determinada altura é necessário virar à esquerda em direcção à zona mais alta da serra e da sua crista. Aqui é preciso alguma atenção pois as marcações são praticamente inexistentes e a tendência é seguir o estradão mais bem marcado. Podemos ter como referência uma zona de exploração de pedra. Se chegarmos até aqui já passamos o desvio. O caminho desde o desvio segue um velho estradão que vai subindo até acabar por se perder completamente. A partir deste momento só teremos as marcas do GR como referência. O trilho segue pelo meio da serra com poucos caminhos bem marcados. Nós descobrimos uma pequena linha de água e bivacamos um pouco abaixo da linha mais alta da crista da serra, abrigados do vento norte, e com uma excelente vista nocturna para sul.
No dia seguinte o sol matinal aqueceu-nos o suficiente para que o pequeno-almoço se prolongasse um pouco para além da hora que devia. O trilho continua a subir, acompanhando a linha da crista, em direcção à ponta da serra em que passamos a ver a barragem de Vilarinho das furnas. Aqui encontraremos o aglomerado das Casarotas, construções que remontam ao megalítico, e começamos a descer um evidente esporão em direcção à barragem. Este esporão tem uma contínua orientação sul e deixa-nos praticamente no muro da barragem. Desde a zona das Casarotas o percurso foi remarcado e segue-se bem.
Ao chegarmos ao estradão que dá acesso a Vilarinho das Furnas só teremos de o seguir até a uma zona ampla com vários carvalhos e castanheiros que oferecem bastante sombra. Aqui vamos encontrar uma bifurcação. Um caminho pela direita que segue junto a água da barragem e um que parece subir novamente para a serra. Pelo da direita só é aconselhado seguir se a água da barragem não estiver muito alta pois pode fechar a passagem. O melhor é seguirmos da esquerda, que tem o aspecto mais recente, que inicialmente é largo, mas termina logo a seguir para continuar um caminho mais estreito até à zona dos antigos campos de Vilarinho.
Daqui voltamos a subir a serra em direcção à Louriça, ponto mais alto e onde estão instaladas as antenas que vemos quase todo o percurso. Esta é a subida mais longa e com mais desnível de todo o percurso. O caminho pode ser algo confuso de encontrar na saída de Vilarinho mas depois é fácil de acompanhar seguindo as marcas e as enormes mariolas que encontramos na primeira parte da subida. Depois de passarmos a calçada de Vilarinho o caminho fica um pouco mais plano e encontramos o abrigo do curral de Porto Covo. O caminho segue em direcção ao colo em frente onde pouco antes do mesmo encontramos os abrigos do curral do Ramisquedo. Aqui o caminho vira completamente à esquerda e temos de ter alguma atenção pois atravessa uma zona com as marcas algo confusas e por vezes inexistentes para de seguida atravessar uma zona de mato que foi aberta de propósito para o GR. Como consequência disso, e com o passar do tempo, tem tendência para fechar pela ausência de passantes, como é o caso do inverno.
Depois de passar esta zona o caminho chega à zona alta e aberta que em caso de nevoeiro pode ser fácil perder as marcas. O caminho gira à direita em direcção às antenas contornando a bacia da linha de água à esquerda e algumas cabanas na sua proximidade. A seguir às antenas o percurso acompanha o muro de pedra existente na crista da serra, passa pelo cimo conhecido pelo “Muro”, e segue até uma zona de prado onde começa o muro do fojo da Ermida e o caminho desvia para a direita. Logo a seguir o trilho cruza os muros do fojo para continuar por uma área mais plana até ao prado do Ribeiro da Cova.
Como fizemos o trilho no outono, com dias mais curtos, e sem qualquer pressão no horário, o pôr-do-sol apanhou-nos estávamos a chegar a este prado. Daqui descemos para linha de água do Froufe, que atravessarmos, para atingir a zona da Branda de Bilhares. A partir daqui encontramos os estradões que descem até Ermida e que passado algum tempo nos deixaram novamente nos carros, já noite estava bem fechada.
Carta militar nº 30