FRAGA TONEL [cardozinho piorzinho 6b | 70m]
Desde a primeira vez que desci do Tonel este tecto (que agora é segundo lance desta via) me despertou a atenção. Bem visível desde o caminho que inicia na lateral da parede sul, ele sobressai pelo seu tamanho e sensação de “colado” à parede. Cada vez que passava em frente a esta face tentava descobrir uma linha que ligasse a base da parede à possível passagem do tecto. Uma vertical placa inicial parecia tornar esta linha numa interessante via. Do seu lado direito temos o característico, e enorme, bloco que parece manter-se unicamente pelo atrito que tem entre a sua parte inferior e a placa onde se encontra pousada. Seria assustador o seu deslizamento… mas não parece que aconteça no próximo piscar de olhos geológico…
Depois de várias passagens ao longo de um ano, fui analisando quais as escorrências de água que poderiam tornar a via difícil de escalar após uma queda de chuva em dias anteriores, e por outro lado trazer sujidade que tornaria a via pouco interessante. Esta análise demorou vários meses pelo que a abertura se foi estendendo pelo tempo.
O tecto parecia ser a zona mais difícil e não sabíamos se sairia em livre. Na primeira investida com Carlos Alheiro (parceiro desta abertura), e após uma intensa limpeza e dar asas a alguns grandes blocos que se encontravam pousados, acabou por se confirmar que seria possível. Faltava a placa do primeiro lance. A primeira tentativa ultrapassou as expectativas: vertical mas mais difícil de proteger do que parecia à primeira vista. Após uma primeira limpeza seria a efetivamente uma zona interessante da via.
Tal como outras vias mantivemos a filosofia de equipar unicamente onde não é possível proteger de outra forma, ou então onde segurança o impõe. Assim encontraremos alguns pontos, mas levar entaladores é obrigatório.
O último dia de abertura e equipagem coincidiu com o aniversário do desaparecimento de um antigo parceiro de actividades. Que melhor forma de recordar aqueles que nos deixaram tantas memorias do que imortalizar com o nome de uma via…
APROXIMAÇÃO
Do cruzamento onde se encontra a Porta do Parque do Campo do Geres subimos pela estrada que liga à vila das Caldas do Gerês e que dá acesso à casa abrigo da Junceda. Após as curvas iniciais encontramos uma recta antes do desvio para a Junceda. Aqui existe um pequeno abrigo, do lado esquerdo quem sobe, e uma zona onde é possível estacionar.
Daqui saímos por um caminho do lado contrário da estrada, passamos por uma zona de árvores e iniciamos a contornar as linhas de água, sem descermos muito, e seguindo os caminhos que vamos encontrando, de forma a evitar baixar às zonas de mato. A seguir continuamos pelo caminho que segue entre a parede e uma zona de rocha à sua esquerda até atingir o evidente início da via.
VIA
Lance 1 – (35 metros) A via inicia por trás de um bloco e tem duas possíveis variantes. Uma seguindo a fissura/chaminé que encontramos logo que entramos por trás do bloco. A outra, mais dura mas que podemos usar quando a fissura está molhada, é a placa à sua esquerda que se encontra equipada. Se seguimos pela fissura, ao chegar a um rebordo à esquerda, fazemos uma travessia para a placa para ir de encontro ao ponto que encontramos à esquerda de uma marcada linha de escorrência. Aqui continuamos pela placa para a seguir atravessamos para uma nova escorrência/fissura sobre a esquerda onde podemos proteger com material. Seguimos pela placa onde encontramos mais dois pontos em direcção ao diedro/escorrência, onde encontramos mais fissuras, para continuar pela placa até à reunião equipada no muro vertical à nossa direita.
Lance 2 – (35 metros) Saímos da reunião subindo pela fissura na diagonal que encontramos à nossa esquerda. Esta continua para a direita para passar junto ao bloco entalado (atenção se o agarramos!) e sair para a placa superior pelo passo mais duro e onde encontramos um ponto a proteger. Ao fim de 2 metros (um ponto na placa) viramos à esquerda para continuar por duas fissuras paralelas que nos levam à reunião (2 pontos que é possível reforçar).
DESCIDA
Para descer podemos rapelar pela via, o que pode dar mais trabalho, ou descer pelo acesso normal ao cimo Tonel pelo lado contrário pelo que subimos. Daqui continuamos a descer para passar junto à ao inicio da via e seguir novamente o caminho de subida.
Água – é necessário levar água pois não existe abastecimento perto das paredes. Dada a orientação da parede ela extremamente quente nos dias mais calorosos pelo que convém salvaguardar essa questão.
Dormida – parque campismo no Campo do Gerês ou outros alojamentos nesta localidade
Rocha – placas de granito com cristais de quartzo por vezes grandes
Previsão Meteorológica