TONEL [via placas do adriano]
Pelas informações que tenho a linha original terá sido aberta antes do ano de 1991 pelo Adriano Machado, utilizando algumas variantes ao percurso actual, e corajosamente escalando com as então conhecidas sapatilhas Sanjo. Nos anos 90 foi utilizada em formações do antigo IPDJ, altura em que possivelmente terá sido equipada quase na totalidade.
Após esse período de um uso mais intenso foi usada de forma esporádica por empresas da zona ou escalada por alguns escaladores de Braga.
Com o tempo esta parede caiu um pouco no esquecimento tendo o equipamento degradando-se com o passar dos anos.
Como nunca tinha escalado neste local, em Agosto de 2020 fomos repeti-la. Antes de entrarmos na via desconhecíamos completamente que esta tinha equipamento, o que foi uma surpresa quando chegamos à base. Pelas informações fornecidas por sócios da Associação Desportiva de Escaladores de Braga a via parecia-nos lógica para ser escalada quase na totalidade sem ter equipamento, tal como foi aberta. E assim fizemos. Com excepção da placa final, cuja placa junto à fissura estava muito suja para arriscar (para nós) abrir a colocar material, escalamos toda a via sem usar um único dos velhos, e assustadores, pontos que se encontravam colocados.
Após esta escalada surgiu a ideia de recuperar esta via esquecida. Uma linha interessante, sem ser extrema, uma aproximação relativamente curta e ambiente. Isso motivou-me a trazer de novo aos escaladores uma linha onde fosse possível praticar a colocar material, não retirando o compromisso com que foi aberta.
Em contacto com a Associação de Escaladores de Braga e o Clube Nacional de Montanhismo ambas as instituições mostraram interesse em colaborar na recuperação. O passo seguinte foi falar com quem abriu que nos deu carta branca para avançarmos da forma que entendêssemos melhor.
Assim a via ficou com pontos onde não era possível proteger de outra forma, possibilitando fazer os passos sem ter um risco muito alto de seguir sem protecção. No entanto mantiveram-se as distancias nas variantes das placas (que não faziam parte da versão inicial da via) de forma manter a mesma filosofia. Todas as reuniões ficaram equipadas com argolas de forma a permitir rapelar toda a linha. Como a via não tinha nome decidimos homenagear quem lá andou no inicio e ficou “Placas do Adriano”.
APROXIMAÇÃO
Do cruzamento onde se encontra a Porta do Parque do Campo do Geres subimos pela estrada que liga à vila das Caldas do Gerês e que dá acesso à casa abrigo da Junceda. Após as curvas iniciais encontramos uma recta antes do desvio para a Junceda. Aqui existe um pequeno abrigo, do lado esquerdo quem sobe, e uma zona onde é possível estacionar.
Daqui saímos por um caminho do lado contrário da estrada, passamos por uma zona de árvores e iniciamos a contornar as linhas de água, sem descermos muito, e seguindo os caminhos que vamos encontrando, de forma a evitar baixar às zonas de mato. A seguir vamos iniciando a subida em diagonal em direcção à base da parede.
VIA
Lance 1 – começa numa placa fácil de identificar com um ponto numa zona sem protecção. Subimos a direito para antes de chegar à aresta de rocha atravessar para a esquerda (um ponto) e encontrar uma pequena plataforma seguida de uma placa. Continuamos por uma zona de placa com fissuras horizontais para alcançar a plataforma da reunião (2 pontos).
Lance 2 – começamos por atravessar para a direita através dos blocos existentes na plataforma até atingir uma evidente fissura que inclina para a esquerda. No final desta fissura encontramos uma zona com arbustos que contornamos por baixo para entrar numa fissura/diedro que escalamos para de seguida sair para a placa (2 pontos) e alcançar a 2º reunião (equipada).
Lance 3 – seguimos agora a placa (2 pontos espaçados seguidos uma zona menos difícil, mas desprotegida, para atingir a 3º reunião (equipada).
O percurso original seguia uma variante que contornava a andar pela esquerda esta placa através de um destrepe seguido por uma escalada simples que alcança a parte superior onde se encontra a 3º reunião. No entanto esta placa já tinha sido escalada acrescentando continuidade à via, mas a ausência de qualquer protecção em 30 metros criava um enorme risco potencial em caso de queda. Com acordo de todos acrescentaram-se dois pontos que reduzem o risco sem tirar o compromisso.
Lance 4 – na recuperação acrescentamos uma variante que nos pareceu fazer mais sentido e acrescenta alguma continuidade à via. Esta segue de forma directa através da placa existente por baixo da 4º reunião. Na abertura encontramos dois pernos (sem chapa) perdidos no meio da placa mas sem continuidade.
Da terceira reunião contornamos uma zona de arbustos para, depois de trepar algumas placas simples, alcançar a base de uma placa vertical com uma grande giesta à direita que nos servirá de reunião. A placa encontra-se equipada e deixa-nos na 4ª reunião. Para seguir é aconselhável subir para a plataforma na base da placa do 5º lance.
(NOTA: a via original contornava esta zona de placas do 4º lance pela direita através de um caminho, com uns trepes simples pelo meio, até atingir a base do último lance.)
Lance 5 – seguimos por uma placa que no seu canto forma um diedro (3 pontos) até encontrarmos a 5º e última reunião.
Resta-nos subir por terreno fácil até ao cimo do Tonel.
A descida pode ser feita através de rappel nas reuniões da própria via ou então descendo pelo caminho pelo lado contrário à via seguindo as mariolas que nos deixam no colo existente do lado esquerdo do maciço. Daqui continuamos a descer para passar junto à ao inicio da via e seguir novamente o caminho de subida. Convém levar cordinos para reforçar a união dos pontos nas reuniões.
Esta via foi reequipada graças à colaboração com material de:
Água – é necessário levar água pois não existe abastecimento perto das paredes. Dada a orientação da parede ela extremamente quente nos dias mais calorosos pelo que convém salvaguardar essa questão
Dormida – parque campismo no Campo do Gerês ou outros alojamentos nesta localidade
Rocha – placas de granito com cristais de quartzo por vezes grandes