TORRE FRIERO – Picos Europa [corredor norte invernal]

O corredor norte da Torre Friero é o maior corredor dos Picos da Europa sendo uma das melhores e mais longas escaladas invernais do maciço central.
A aproximação à sua base inicia-se na povoação de Cordinanes, perto de Posada de Valdeon e de Cain. Se estivermos no final da época ou num ano relativamente seco poderá ser feita quase até à base de sapatilhas. O caminho a percorrer é bastante agradável passando por uma característica zona escavada na rocha que tornou possível esta passagem. Daqui sobe-se o Canal de Asotin até atingir a Vega do mesmo nome. É aconselhável dormir aqui a noite de forma a madrugar na entrada do corredor. A pesar das condições de neve e gelo poderem variar bastante ao longo de uma estação e mesmo de ano para ano as principais dificuldades deste percurso situam-se nos dois muros, que formam ressaltes mais empinados, e no grande bloco entalado existente a cerca de dois terços do seu percurso.

 

É neste local que podem estar as maiores dificuldades caso o inverno seja rigoroso e a passagem inferior (50-60º) esteja tapada. Caso isso aconteça é necessário realizar a passagem pela direita do bloco sendo esta bastante mais inclinada (70º) e difícil. Caso a passagem inferior esteja aberta será no ultimo muro (55-60º), a cerca de 50 metros do final do corredor, que encontraremos as maiores dificuldades.
O primeiro ressalte (50º) está a cerca de 200 metros do inicio do corredor e é o mais acessível. Caso estes ressaltes estejam descobertos as dificuldades são consideravelmente maiores exigindo muita escalada mista. Ao longo de todo o corredor é possivel proteger bem na rocha das suas laterais. As reuniões por baixo e por cima dos ressaltes são bastante boas e confortáveis permitindo fazer os passos com segurança.
Entre os ressaltes a inclinação do corredor é mais suave (40º) tornando possível fazer a subida em movimento protegendo nas laterais caso achemos necessário.Quem estiver mais à vontade, e as condições permitam, poderá mesmo desencordar entre os ressaltes. Esta opção, mais arriscada e que deve ser avaliada por cada um conforme as condições do terreno, condições fisica e conhecimentos dos elementos da cordada, poderá reduzir substancialmente o horário efectuado. No nosso caso, e como ambos estávamos na altura bastante bem, fizemos todo o corredor desencordados conseguindo fazê-lo em cerca de 2h30 da base ao cume contra as 6 a 8 horas habituais.
Quando terminamos o corredor, se queremos ir ao cume do Friero, teremos que realizar os últimos 100 metros da parte final da via normal. Apesar de simples decorrem por pendentes de 30º/40º bastantes expostas. Senão resta-nos descer pela pendente em direcção à parte superior do vale até atingir o seu fundo para de seguida o descer. Existem dois perigos neste percurso: a queda de pedras das laterais, e especialmente do esporão norte se alguma cordada estiver a realizá-lo.

E as avalanches pelo próprio corredor após a quedas de neve de alguma envergadura. Este é facto que devemos controlar já que devido às características deste corredor qualquer coisa que comece a rolar no seu cimo só irá parar na sua base arrastando tudo o que encontrar pelo caminho.
O corredor tem um ambiente fantástico, e é tipicamente como os que vemos nos livros: bem marcado com grandes paredes verticais e muito bonito.

 

 


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