SERRA GERÊS [travessia cela-lamas de mouro]

Deverão existir inúmeras formas de atravessar o Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Nós acabamos por optar por fazer uma travessia sul-norte / este-oeste cruzando desta forma o parque numa diagonal ascendente. A ideia original era uma saída de Pitões das Junias. No entanto um dia inteiro de chuva causou-nos um atraso que achamos difícil de recuperar nos restantes dias disponíveis sem que isso nos causasse alguns problemas logísticos. Optamos por sair de Sela, junto à barragem de Paradela, levando tudo o que achavamos necessário para os dias seguintes às costas.

Da curva da estrada junto a Cela sai um caminho que vai subindo até ao alto do vale do Ribeiro da Abelheira.

Por não ser uma travessia circular é necessário assegurar o transporte entre ambos os lados. Se a viagem inicial é feita de automóvel será necessário ter a ligação de regresso a este no final do percurso.
Enquanto do lado de Castro Laboreiro é relativamente acessível ter um autocarro de carreira, do lado de Pitões isto já não é verdade.

No nosso caso optamos por ir de carro até Sela marcando uns dias antes o transporte de táxi quando chegasse-mos a Castro Laboreiro. Mesmo em Castro Laboreiro existem duas empresas de táxi com carrinhas de nove lugares que podem fazer este serviço

Em 2009 o transporte entre Castro Laboreiro e Pitões custou 70€ para uma carrinha com 8 lugares.

Iniciamos o percurso no caminho que começa na estrada logo por cima de Cela. Este vai subindo até ao alto da Ribeira da Abelheira. Daqui subimos em direcção a oeste para atingir o alto do Castanheiro. A vista deste miradouro no centro da Serra do Gerês é fantástica. Já adivinhamos a próxima etapa até aos Carris.

Continuamos pela cumeada, evitando o cimo de Matança pela direita, para chegar ao cimo do vale do Corgo da Lamalonga e subir ao Salto do Lobo, já nas minas dos Carris.
Após um breve descanso cruzamos por cima das antigas instalações de lavagem de minério, até quase atingir a Ponte das Abrotegas, e iniciamos a penosa descida do estradão até à Portela do Homem. Infelizmente cada ano que passa esta descida está pior… Tirando a visita turística, efectivamente existem muito melhores soluções para os montanheiros descer dos Carris!

Chegados à Portela do Homem voltamos a subir. Desta vez pelo estradão que sobe para as antenas do emissor do Muro mas cuja construção nunca acabou.

Ao chegar ao seu final andamos um pouco mais e acabamos por arranjar um local de dormida de recurso junto a uma pequena linha de agua. O dia já vai longo e sabemos que próximo não haverá nada muito melhor.

As previsões de calor mantém-se e são oito horas da manhã quando iniciamos novamente marcha.
Continuamos a subir para passar na base do alto das Eiras e atingir o colo do Ramisquedo. Neste local a vista é fantástica, quer para o lado da barragem de Vilarinho das Furnas quer para a fechada mata do Cabril.

Passado este marcado colo entramos nos caminhos fechados da mata que existe na base das antenas. Aqui felizmente os apertados caminhos para o gado vão sendo mantidos e permite-nos chegar ao início da construção do estradão que seguiria para a Portela do Homem para logo a seguir atingir o que dá acesso às antenas vindo do Lindoso.

A partir daqui é sempre a descer até ao segundo maior empreendimento hídrico de Portugal depois do Alqueva. No dia em que fizemos esta parte do percurso estava imenso calor e acabamos por fazer duas longas paragens. Uma na antiga casa do guarda, à que chegamos após alguns longos cortes na descida, e a outra no Lindoso, onde aguardamos o final da tarde para atravessar a barragem. Nesta lona descida existem poucos sítios com água. Os dois principais, e melhores, são no Carqueijal – onde começam a aparecer as primeiras árvores – e no tanque existente na casa do guarda.

Após atravessarmos a barragem do Lindoso seguimos um novo estradão que estão abrir mesmo junto à linha de água. Este estradão percorre toda a margem até à aldeia de Várzea e é através dele que segue o PR, marcado pelo Parque, que segue até à Mistura de Aguas. Foi a seguir a Várzea, e já de noite, que decidimos o local para passar a noite. O projecto inicial era chegar a um prado antes de Tibo mas as paragens por causa do imenso calor não nos deixaram. Apesar de ser um local de recurso o sítio é óptimo. Mesmo na linha de agua e muito sossegado.

Para compensar as paragens do dia anteriores, e atingir o nosso objectivo do último dia, começamos a andar às 7:30.
Ainda bem que não andamos mais ontem no meio da escuridão. O caminho a partir daqui é muito bonito, e mais ainda a estas horas da manhã.
Rapidamente atingimos a Mistura de Aguas e começamos a percorrer o outro caminho marcado pelo parque: o que vem de Tibo até aqui. Esperamos que exista muita gente a percorre-lo. Apesar de ter sido todo mais ou menos limpo o mato já vai crescendo e o local é propício para que rapidamente se desenvolva. Eu já o tinha percorrido à muitos anos vindo do Soajo. Depois de quase passarmos na base da Nédia – também referida nos mapas como Fraga das Pastorinhas trata-se da maior parede de escalada de Portugal que recomendo aos escaladores que gostem de aventura e muitas horas de “sofrimento” a escalar e a andar – acabamos por chegar a Tibo mesmo a tempo de nos encontramos com o padeiro.

Do alto da aldeia de Tibo descemos em direcção ao rio para poder seguir em direcção à Sra. da Peneda. Existem caminhos de ambos os lados do rio mas o melhor é do lado direito quem sobe. Este segue por entre algumas árvores o que o torna mais fresco. O percurso em parte está marcado e permite alguns banhos se o tempo ajudar.
Seguimo-lo até à ponte da estrada que cruza o rio para logo a seguir subir toda a escadaria que acompanha as capelas da Sra. da Peneda.

Daqui atravessamos toda a aldeia e novamente o rio para subir a encosta do lado este até ao planalto.
Neste local, por uma confusão com a informação dada por uma pastora – de 74 anos que se mexia melhor do que nós – acabamos por seguir um caminho que nos deixou do Colo do Lagarto, e nos obrigou a fazer o restante pela estrada, quando o objectivo era seguir toda a cumeada existe deste lado do vale e descer para o parque de Campismo de Lamas de Mouro.

Os oito participantes acabaram a festejar os três dias de aventura, muito calor e quilómetros percorridos com um óptimo cabrito no restaurante logo acima do parque. Já passava das 21:00 quando nos sentamos à mesa após conseguirmos convencer o dono a abrir só para nós.


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