Picos Europa – Maciço Central [Travessia Peña Vieja – Torre Cerredo – Torre Llambrion]

Apesar dos projectos iniciais serem outros contratempos acabaram por fazer com que a decisão uma versão mais curta e mais dedicada à marcha do que era previsto.
Os primeiros três dias foram dedicados a percorrer alguns dos cumes mais altos do maciço central. As ascensões foram feitas pelas habitualmente chamadas “vias normais”. No entanto algumas delas tem obrigatoriamente passagens de escalada onde a subida sem corda torna tudo mais rápido mas proíbe qualquer queda nessas passagens.

Depois de subirmos no conhecido teleférico de Fonte Dé o nosso primeiro objectivo: Peña Vieja. Seguimos o caminho até à La Vueltona para depois continuar por um trilho em direcção à Cabana Verónica e a meio desviar-nos para a subida para o Collado da Canalona. Neste colo deixamos as mochilas para fazer a fácil subida à Peña Vieja (2.613 mts).

Daqui contornamos os Tiros Navarro e Tiros de Santiago para chegar Hoyacon de Villasobrada e subir a Collada Bonita. Durante todo o percurso a vista para o Valle de las Moñetas e o maciço oriental é fabulosa. Do Collada Bonita temos a vista da face sul e este do conhecidíssimo Naranjo de Bulnes. Para acabar o dia faltava-nos a descida de quase 500 metros para Vega de Urriello, depois de passar pelo Jou Tras el Pico e descer o Canal de La Celada.

No dia seguinte era a vez do mais alto: a Torre Cerredo. Por diversas ocasiões estive para subir ou escalar esta torre, mas tal nunca aconteceu. O tempo mantinha bom pelo que era de aproveitar. Nesse dia fomos acordados por uma despertador fora do normal: a guarda civil. Nunca me tinha acontecido na base mas estão a obrigar as pessoas a desmontar as tendas logo após o nascer do sol. Basta tirar as varetas e colocar umas pedras em cima do tecido para não voar mas tem que ficar em baixo. Lá acabamos por sair em direcção à Brecha de Los Cazadores para de seguida alcançar a Horcada de Arenera, na base do Neveron de Urriello. Daqui atingimos o Jou do Cerredo para iniciar a subida à torre.

A partir deste ponto existem uma série de passos de escalada, simples, mas que exige o uso das mãos. O caminho está marcado com “hitos” (pedras sobrepostas) e segui-los cegamente foi o nosso erro. Entretidos nos passos de subida acabamos por subir ao cume da Torre Bermeja, cimo mesmo ao lado do Cerredo. Lá descemos a tentar localizar o sitio onde nos tínhamos enganado.

Esta zona é uma encosta que acompanha os picos que cercam o Cerredo. Conforme se vai subindo perde-se a noção de qual é o mais alto. Acabamos por dar com o inicio da subida (que é por onde não há hitos) e ascender com um grupo de espanhóis que, curiosamente, andavam a fazer mais ou menos a mesma volta do que nós, mas ao contrário.
Na descida é que vê porque é que as descrições aconselham que no inverno se façam dois rappeis. A ascensão faz-se por uma espécie de rampa que no inverno se transforma num local, por vezes, com bastante gelo e num perfeito tobogan para o vazio. Faltávamos regressar a Vega de Urriello pelo mesmo caminho aproveitado para sonhar em subidas às muitas agulhas, picos e torres que existem por todo o caminho.


Mapa GPS