PEÑA UBIÑA [arrieta-pomeda]

A via Arrieta-Pomeda é uma das poucas que atravessam a parede norte da Peña Ubiña. Situada na sua parte esquerda, é (que eu tenha conhecimento) a última via deste lado antes a aresta Este. É uma via muito pouco repetida em comparação com a sua vizinha à direita – a Directa Norte – ou a repetidíssima Clássica Norte – pelo que praticamente não se encontra informação sobre ela. Em comparação com Clássica Norte, a Arrieta-Pomeda é ligeiramente mais difícil, mas também – como tivemos oportunidade de verificar – mais influenciável pelo mau tempo. Enquanto que a Norte Clássica é essencialmente rampas e corredores de neve, a Arrieta-Pomeda tem várias zonas de rocha e misto que, quando nevadas, as tornam mais complicadas.
A linha da via atravessa da esquerda para direita por uma serie de rampas e canais sendo que a parte final é um zona de rocha, curta mas obrigatória, de IVº, que termina na parte final a aresta Este.

APROXIMAÇÃO

O acesso faz-se do refúgio de Mecin ao qual se chega desde Tuiza de Arriba. Deste subimos pelo Vale de Covarrubia para, no seu cimo, contornar o Cuetu Les Cabras. A base da via fica mesmo do lado contrário da subida. Esta subida serão umas duas horas de aproximação.

A VIA

Começamos por percorrer os primeiros 150 metros de uma evidente pala (45º no inicio e depois uns 50º). Estes primeiros metros podemos fazê-lo sem corda se nos sentimos à vontade com a dificuldade, inclinação e qualidade da neve. Senão são cerca de três lances de 50 m que percorrem a pala de neve com dois ou três ressaltes mais verticais e onde podemos encontrar algum gelo. No final desta pala encontramos o rappel de uns 6 metros que nos liga aos lances seguintes. Este está na rocha na parte superior do final da neve, e é constituído por uns pitões e umas cintas. Ao longo destes lances da pala é possível encontrar alguns pitões na rocha do lado esquerdo que nos permitem proteger.

Quando nós realizamos a via não usamos o rappel. Como havia neve que permitia descer para o corredor seguinte, destrepamos no final da neve à direita e realizamos uma travessia para a esquerda onde encontramos um pitão que protege o destrepe.
No fim desta descida entramos num canal mais estreito com algum ressalte mais vertical (uns 65º) que nos leva a outro canal mais largo. Na ligação encontramos uma zona de rocha que quando está coberta de neve (como a encontramos) se torna mais trabalhosa por não se conseguir ver onde exactamente colocar os pés e os piolets para ter bons apoios. Atravessamos para o canal mais largo (60º) que nos dá acesso ao campo de neve superior (55º).

Atravessamos em diagonal este campo de neve em direcção à parte superior do lado direito procurando um canal mais alto (60º) que nos deixa na base do muro de rocha final. Na base deste encontramos um pitão. Apesar de haver descrições que dizem para seguir pela chaminé à esquerda do muro, com toda a rocha coberta de neve pareceu mais fácil, e lógico, seguir pelos “degraus” de rocha que encontramos à direita desta (IVº). Na parte superior encontramos boas presas de mão e com a rocha limpa (e não como encontramos desta vez) é mais fácil ver os sítios correctos para colocar os pés e escalar sem tirar os crampons. No cimo dos degraus contornamos um grande bloco pela direita e seguimos uns canais de rocha que nos deixam na aresta. Só temos que a seguir até ao cume ou descer pela via normal do canal Este logo que chegamos ao seu cimo. No fim deste descemos do Colo de Cerreros para o refúgio.
Para proteger, e estando a rocha mais seca e sem neve nas fissuras, penso que será mais fácil do que nas condições que encontramos. Como nos dias anteriores tinha estado a nevar batido pelo vento, encontramos muitas das fissuras cobertas por neve gelada sem consistência e que tapava tudo.

(© Fotos dos participantes)